Tal como aconteceu com as restantes esferas de atividade profissional, social ou cultural, também as instituições de ensino superior tiveram que aprender a viver com a crise pandémica que assolou o mundo e que não se sabe quando, ou se, vai estar resolvida.
No nosso caso, Politécnico de Portalegre, adaptámo-nos o melhor possível à situação e, pode hoje dizer-se, fomos capazes de (sobre)viver sem grandes sobressaltos. Olhando para trás, chega a ser surpreendente como, de um dia para o outro, implementámos medidas e procedimentos, novos para quase todos, que nos permitiram continuar ao serviço da comunidade externa e interna. Dentro desta última, merecem um destaque muito especial a generalização do ensino à distância, que não deixou que se quebrasse a ligação entre os docentes e os estudantes, razão primeira da nossa existência, e do teletrabalho, que possibilitou a continuidade do funcionamento do Politécnico em todos os setores.
No caso da cooperação internacional houve também, como seria de esperar, consequências da crise. Não pode ser surpresa: um setor que vive, por definição, das relações com o exterior, teria que ser dos mais afetados. Com os países fechados ao exterior, fronteiras encerradas, instituições de ensino e de outras áreas com atividades suspensas, muitas foram as alterações que se produziram e as adaptações e soluções que tivemos que encontrar para resolver os problemas que nos foram sendo colocados.
Muitos projetos de dimensão internacional em que participamos viram as suas atividades suspensas, adiando, assim, a continuação e o desenvolvimento da cooperação com os nossos parceiros no mundo.
Fomos obrigados a cancelar a nossa Semana Internacional, que se deveria realizar em maio e que se vinha afirmando como uma das mais importantes oportunidades de afirmação internacional do Politécnico.
Com o cancelamento da esmagadora maioria das mobilidades de docentes previstas, perdemos a oportunidade de consolidar o IPP como uma das instituições de ensino superior em Portugal com melhor desempenho nesta área, em termos percentuais – apontávamos para cerca de 25% de docentes em mobilidade no estrangeiro, o que nos colocaria, senão no primeiro lugar, pelo menos num dos primeiros lugares a nível nacional.
Muitos dos nossos estudantes tiveram que interromper as suas mobilidade de estudo ou de estágio no estrangeiro, com o que isso significou, e significa, de possíveis transtornos: a nível académico, uma vez que será preciso, em muitos casos, refazer os seus percursos curriculares; ao nível pessoal, pela ansiedade a que, juntamente com as suas famílias, estiveram sujeitos, pelas dificuldades sentidas no regresso ao nosso país; a nível financeiro, dadas as despesas extra que foram obrigados a assumir nas tentativas, muitas vezes desesperadas, de assegurar o retorno a Portugal.
Os docentes do IPP e os estudantes “apanhados” pela crise sanitária, tiveram e continuam a ter o apoio incansável das estruturas que, nas diversas unidades orgânicas do Politécnico, asseguram as atividades de cooperação internacional, e que, entre telefonemas e e-mails, uso intensivo das “novas” formas de comunicação através das chamadas “redes sociais” foram resolvendo as diversas e, por vezes, complexas situações que foram surgindo.
Com muitos destes casos ainda em fase de resolução, para o que contamos com o apoio das entidades nacionais que têm a seu cargo a gestão global das atividades na área internacional, a questão que se coloca neste momento e que nos preocupa a todos, é saber quais os reflexos que esta crise e as situações diversas que, sucintamente, enunciámos, poderão ter nas perspetivas futuras de internacionalização do IPP.
Como poderão estudantes e docentes, face às situações que muitos dos seus colegas viveram, sentir-se seguros e motivados para participar em atividades de mobilidade internacional futuras, se não se vislumbrar uma melhoria na crise sanitária mundial a curto prazo?
Como irão os nossos parceiros internacionais atuar perante a não resolução, visível, da crise?
Não temos, porque não há, respostas prontas para estas questões. Nesta área, como em muitas outras, subsiste, ainda, a incerteza no espírito de todos. São, contudo, animadoras as notícias que vão surgindo e que dão conta da melhoria da situação sanitária a nível mundial, em especial na Europa, onde vão reabrindo fronteiras e sendo levantadas muitas das restrições que têm estado em vigor.
Se a estas notícias reconfortantes juntarmos o espírito de colaboração e de apoio aos estudantes, docentes e não docentes, quer no seio do IPP e da sua comunidade académica, bem como no dos nossos parceiros internacionais, resta-nos ter esperança de que, estando juntos, “tudo vai ficar bem”!
Carlos Afonso
Pró-Presidente para a Internacionalização do Politécnico de Portalegre